Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa. Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado. Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, o porque de eu dormir chorando, porque era impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.
Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você. Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida, e que você é cheio dessas coisas. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você me deixou te olhar, mesmo você não gostando de mim. E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.
Eu sou apenas a garota angustiada,
Ela tinha todo aquele sentimento guardado,
Tatiane Alves.
Eu posso não saber sua música, filme,ou comida favoritos…
Eu gostava da desgraça.
Estúpido dia está sendo esse…
Antes de escrever isso meu lápis quebrou duas vezes, são poucas perto do que a minha vida está quebrada. Talvez seja a carta mais jovem que receba, pois tenho 16. E talvez também seja uma das meninas que perdeu a mãe mais cedo, pois minha mãe morreu quando eu tinha 7. Quando minha genitora se foi eu fui criada pelo meu padrasto e por minha tia, pois meu pai nunca existiu na minha vida. Minha tia era bêbada, e meu padrasto abusava de mim. Eu tenho o costume de repetir as coisas para dar ênfase. Então, minha tia era bêbada. A morte da minha mãe foi estranha pra mim, pois eu era jovem e ela se suicidou. Minha casa era um inferno, talvez pelo fato de nenhum deles acreditar em Deus. Minha mãe amava o meu padrasto, era amor cego e por isso não via nada das coisas que o mesmo fazia. Até que um dia esse amor ganhou visão, quando viu minha tia e meu padrasto na cama, deu fim à vida dela e fazendo isso deu início ao fim da minha. Minha tia pouco se importou com isso, sempre foi puta mesmo e meu padrasto adorava colocar seu orgão em qualquer buraco, era um maldito. Eu ainda era criança, brincava na lama, arrancava cabeças de bonecas e achava nojento meninos e o fato de ter que beijá-los um dia. Apesar de achar eles nojentos eu convivia com eles, mas depois que minha mãe se foi, eles também se foram. Por medo talvez. Apenas um ficou, idiota, boa gente e meu namorado. Ele foi por vezes até o pai que nunca tive. E namoramos um bom tempo, eu ia crescendo e ficando bonita e meu padrasto ia abusando cada vez mais de mim. Eu estivera calada por um bom tempo, não adiantaria ir ao conselho, pois minha família diria que era invenção, pois todos sabiam que meu padrasto era dono de herança gorda e gostosa, assim como os churrascos que fazíamos nos domingos. Domingos. Num desses quando eu estava completando 14 anos, minha mãe 7 de falecimento, não fui à escola e meu namorado resolveu ir à minha casa. Era de costume o portão ficar aberto às visitas e ele entrou. Nesse triste dia, meu padrasto estava muito bêbado e passou o dia inteiro fazendo sexo comigo. Eu já não aguentava mais aquilo. Meu namorado entrou sorrateiramente e viu aquela cena, ficou chocado, voltou para sua casa em silêncio. Buscou uma arma de seu pai e voltou à minha casa. Matou meu padrasto. E por incrível que pareça, eu senti falta daquilo, eu queria aquele homem, queria aquele pênis. Tentei me matar, mas não consegui. Meu namorado me trocou por outra e saiu espalhando pela cidade o que acontecia dentro da minha casa com meu padrasto. Fui vítimas de piadas por muito tempo. E o tempo sumiu. Conheci um cara no Orkut e nos marcamos de nos encontrar, ficamos, fizemos sexo e namoramos. Descobri que ele era meu verdadeiro pai. “Mas… como assim?” Você deve estar se perguntando, pois é, ele lembrou da minha tia e acabamos ligando os fatos. Eu estava deitando com o mesmo homem que minha mãe se deitou um dia. Mas nem me importei, eu odiava minha mãe pelo fato de ter ido embora e me deixado. Ele foi romântico, me tirou daquele inferno e me levou para outra cidade onde me prostituiu e me drogou. Quanto amor meu pai tinha por mim. Nessa cidade onde estava eu consegui enfiar uma faca no pescoço, mas sobrevivi. Já diz o ditado: Vaso ruim não quebra. Ele dizia que essa era a única forma dele ganhar dinheiro e era para o nosso bem. Acreditei. Até que ele me vendeu por algumas centenas. E depois disso, todo dia era um homem diferente, eu já tinha até apelido de vagabunda, tudo que você imaginar eu já fiz com homem. 15 anos e sem futuro. Fiz uma amiga no meio de tanto lixo e nela eu senti meu porto seguro, meu ponto de retorno. Conhecemo-nos bem, e fugimos daquele lugar. Namorei com ela. Naquela mulher eu descobri o que era amor de verdade, quantas delícias. Ela tinha AIDS. Morreu quando recém completamos dois meses. Voltei para a casa da minha tia e hoje… bem… sinto falta do meu padrasto e do meu primeiro amor, mas acima de tudo sinto falta da lama em que brincava. Se em algum lugar alguém gosta de histórias, precisa ler essa. Reclame da sua vida e tente encarar a minha um dia que fosse. Hoje tenho 16 anos, AIDS e nojo de mim mesma…
Seu jogo de vai e vem.
E desde aquele dia não pensei mais em você, não olhei nossas fotos, não ouvi aquela nossa música, evitei lugares e tudo quanto é coisa que pudesse me fazer lembrar de ti. E funcionou pois durante dias não lembrei que tu existia e depois que limpei minha mente e meu coração de você tu volta dizendo que me ama, que quer voltar e que pode me fazer feliz. Desculpe mas já me acostumei com sua ausência, nem sinto mais sua falta. Procure outra pessoa pra brincar de vai e vem, porque a boba aqui tá muito bem.
Hoje eu tô sozinha
Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior
Escuta
Agora que eu quero ficar na hora em que eu decidi. Você diz que já não tem certeza me pede pra não insistir, diz que quer pensar e sai sem olhar pra trás. Agora que você ouviu o que eu te disse até aqui, só você vai me fazer feliz se quiser eu posso repetir, então escuta, então entenda, não há nada mais pra se pensar então me diga que está voltando e eu vou te mostrar o quanto eu posso fazer por nós dois.
Eu tentei ser forte, e por um tempo eu fui.
Me mantive firme, não chorei, não demonstrei fraqueza, sorri da solidão, dei risada da tristeza, limpei cada quarto que guardava bondade no meu coração. Falei com convicção e afirmei tudo o que havia repetido várias vezes em minha mente. Fui fria, calculista, grossa, xinguei, falei palavrão, usei palavras desagradáveis, magoei muita gente, mas ninguém me feria. Soltei frases que á tempos guardava, frases frias, filosofei sem excitar. Em nenhum momento fui mentirosa, irónica ou sarcástica, fui simplesmente sincera, comigo e com quem mais quisesse me por á prova, a quem mais exigisse algo de mim. Fui ligeiramente sutil. Mentira, disse tudo o que tinha pra dizer, joguei palavras que já havia cansado de escrever. Usei todo meu vocabulário. Mas não provei nada pra mim, toda essa pessoa que tentei ser e fui por um tempo não me trouxe nada, ao contrário perdi muita coisa, muitas pessoas, é claro consegui me livrar de outras que já estavam passando da hora de ir embora, mas de resto acabei sendo um ser odiado tanto pelas pessoas, quanto por mim mesma. Mas confesso ter gostado por um tempo de ser um pouco má. É, acho que todo mundo sonha em ser um pouquinho má uma vez na vida.